CRUZEIRO TRANSATLÂNTICO LISBOA-BRASIL
O cruzeiro que fizemos na primeira quinzena de Dezembro do ano de 2010 foi o nosso primeiro cruzeiro transatlântico. Já tínhamos feito três cruzeiros nas Caraíbas e um cruzeiro no Mar Báltico. Mas nunca tínhamos atravessado o Oceano Atlântico de leste para oeste, tal como o fizeram Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral. Aliás, a nossa rota foi muito semelhante à de Pedro Álvares Cabral, com a diferença de nós termos atracado no Recife, enquanto Pedro Álvares Cabral atracou em Porto Seguro, que não é muito longe do Recife.
Foi uma viagem muito cómoda, pois o navio partiu de Lisboa e não foi preciso portanto ir de avião até ao local da partida, como aconteceu nos nossos anteriores cruzeiros. Só é pena que partam tão poucos cruzeiros de Lisboa, pois a capital portuguesa tem um porto enorme, tem portanto todas as condições para ser um ponto de partida privilegiado de cruzeiros. Parece, no entanto, que isto vai ser uma realidade num futuro muito próximo, pois as entidades responsáveis portuguesas pensam construir um terminal de cruzeiros no porto de Lisboa.
O navio em que viajámos, The Vision of the Seas, é um excelente navio da Royal Caribbean. É um navio de grande tonelagem, com capacidade para transportar mais de 2500 pessoas. A maior parte dos passageiros que iam no navio eram brasileiros, com um total de 752 pessoas. E logo a seguir vinham os portugueses, com um total de 403 pessoas. Isto quer dizer que viajavam no navio 1155 pessoas a falar a língua portuguesa. Este facto causou-nos uma imensa alegria, pois com tanta gente a falar a língua de Camões, de Pessoa e de Jorge Amado sentimo-nos logo em casa. Muitos dos brasileiros regressavam ao Brasil depois de terem estado a trabalhar durante alguns anos em Portugal. Outros brasileiros eram apenas turistas. E havia brasileiros que eram turistas e também peregrinos, como o Padre Renato, pároco de Minas Gerais, que regressava ao Brasil depois de ter feito com os seus paroquianos uma peregrinação a Santiago de Compostela. Conversámos muito com o Padre Renato, ambos deitados nas espreguiçadeiras ou instalados nos jacuzzis, e ficámos a gostar muito deste padre. Mas o sentimento foi recíproco, pois ele também ficou a gostar muito de nós.
Entre os brasileiros que regressavam ao Brasil depois de uma estadia em Portugal havia alguns que levavam consigo trinta e tal malas. E a explicação é simples. É que no Brasil agora é tudo muito mais caro do que em Portugal. Por isso levavam muitas malas cheias de roupa e de outros artigos. É curioso constatar que quando fizemos a nossa primeira viagem ao Brasil, há já sete anos, os portugueses é que levavam a mala vazia para o Brasil e regressavam com ela cheia. Mas nessa altura o Brasil era um país pobre e nós ainda éramos um país sem problemas económicos e financeiros. Além dos brasileiros e dos portugueses também viajavam no navio 249 alemães, 124 norte-americanos e vários passageiros de outras nacionalidades.
Foi uma viagem longa, pois o cruzeiro durou quinze dias, que é o dobro do tempo de um cruzeiro normal. Primeiro visitámos as Canárias e Tenerife. Tenerife é mais bonito do que as Canárias, é uma ilha muito bela. E tem a particularidade de ter a maior montanha de Espanha, o Monte Teide, com 3718 metros de altura. Depois dessas ilhas seguiram-se cinco dias de navegação contínua, em que passámos por Cabo Verde e atravessámos a linha do Equador. À medida que o navio navegava para o sul o calor aumentava e a vida tornava-se mais despida, mais feliz e mais colorida. O tempo também ajudou, pois só esteve mau à saída de Lisboa, com uma tempestade violenta nos dois primeiros dias de navegação. Depois o tempo esteve sempre bom, com um sol esplendoroso cada vez mais quente a aparecer todos os dias.
Das cidades brasileiras que visitámos, que já conhecíamos de anteriores viagens ao país irmão, as primeiras foram Recife e Olinda. Olinda era a cidade onde antigamente viviam os colonizadores portugueses ricos e poderosos e fica no ponto mais alto da área metropolitana do Recife. O seu monumento mais importante é a Sé. Mas a Sé de Olinda é uma igreja pobre e ainda por cima está suja e degradada. Quanto ao Recife, o seu ícone é a Casa da Cultura, que funciona numa antiga prisão. E talvez por isso encontrámos lá, supomos que a cumprir pena, o célebre bandido e cangaceiro Lampião. A ideia de instalar a Casa da Cultura numa antiga prisão é uma ideia interessante, mas a verdade é que a Casa da Cultura do Recife se limita a vender artesanato sem qualidade nas antigas celas.
A cidade brasileira que visitámos a seguir, Salvador da Bahia, é a cidade de Jorge Amado e é cidade não africana mais negra do mundo. É uma cidade muito importante, pois foi a primeira capital do Brasil. E tem um excelente centro histórico. Nesse centro histórico, situam-se duas praças fabulosas, o Terreiro de Jesus e o Largo do Pelourinho. E no Terreiro de Jesus podemos visitar a Igreja de São Francisco, que é sem dúvida a mais bela igreja de todo o nordeste brasileiro.
A última cidade que visitámos foi o Rio de Janeiro. O navio atracou na Baía de Guanabara, mais ou menos no mesmo sítio onde no dia de São Sebastião do mês de Janeiro de 1502 chegaram os primeiros navegadores portugueses, comandados por Gaspar de Lemos, e deram ao local então despovoado o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro, por pensarem erradamente que a baía de Guanabara era um rio. Foi a nossa terceira visita à cidade maravilhosa, mas foi a primeira vez que chegámos ao Rio, como os antigos navegantes, pelo mar. E a cidade, cheia de sol, com os seus morros, os seus edifícios, a sua exuberante vegetação, as suas praias tropicais e o seu imenso mar estava bela como sempre. Depois o navio saiu do Rio de Janeiro e rumou para Santos, onde apanhámos um transfer para o aeroporto de São Paulo e aí um avião da TAP para Lisboa. E assim terminava em beleza o nosso primeiro cruzeiro transatlântico, com muitos momentos felizes para agora e sempre recordar.
5 Comments:
Boas. Achei interessante a sua experiência. Pode informar-me onde posso recolher informações para o cruzeiro de 2011?
Obrigado.
AMIGO ROAD RUNNER
JÁ LHE DEI TODAS AS INFORMAÇÕES QUE ME PEDE POR MAIL.
UM ABRAÇO DE
ANTÓNIO ROCHA
Ola, que lindo comentário, relato perfeito digo-o porque eu estava la juntamente com minha filha e adoramos e este ano de 2011, vamos novamente foi simplesmente divino.
Abraço
Nice
MINHA CARA AMIGA NICE MOREIRA
FOI REAKMENTE UM CRUZEIRO MARAVILHOSO. AINDA BEM QUE VOcÊ E A SUA FILHA GOSTARAM DO CRUZEIRO.
APROVEITO PARA LHE AGRADECER OS ELOGIOS QUE FAZ AO MEU TEXTO SOBRE O CRUZEIRO.
UM ABRAÇO DO
ROCHA
Boa tarde,
Gostaria de saber onde posso me informar mais sobre este cruzeiro e onde posso reservá-lo?
Cumprimentos,
Andreia Silva
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